sábado, 27 de setembro de 2014

Ser mãe é mais que uma profissão !

Eu sempre trabalhei. Desde os meus 14 anos de idade, eu trabalho.
Na época em que tava todo mundo de namoradinho, indo pra baladinha, shopping, cinema eu estava trabalhando.
Meu primeiro emprego foi o melhor emprego da minha vida.
Eu trabalhava aos finais de semana devido à escola. Acordava as 4 hs da manhã e os compadres da minha mãe e sua filha me pegavam para irmos para a lida.
Eu trabalhava em um sacolão. Em uma rotisserie, pra ser mais específica, dentro de um sacolão.
Ganhava pouquíssimo. Cerca de 40 reais por fim de semana. 
Lá eu aprendi a atender bem um cliente, noções de higiene para um estabelecimento de comida, aprendi a fatias frios, aprendi a embalar frios, aprendi TUDO sobre queijos. Aprendi como armazená-los, a temperatura ideal para cada queijo, os sabores, com que vinhos combinam, etc etc etc.
Com apenas 14 anos tinha vezes que ficava sozinha atendendo na rotisserie, pois os donos tinham duas lojas e às vezes me deixavam em uma e a filha deles em outra enquanto faziam compras.

Ganhava pouco, trabalhava bastante mas com certeza foi o emprego que mais agregou na minha vida. Aprendi a ter responsabilidade. 
Depois disso, nunca mais parei. Sempre arranjava alguma coisa pra fazer.
Uma época fui até uma oficina de costura e pegava peças para fazer acabamento em casa. Ganhava cerca de 2 a 3 reais por peça bordada. Passava a tarde fazendo isso, depois da escola. Assim tinha meu dinheirinho para comprar minhas revistinhas do Backstreet Boys, pagar meu sorvete com as amigas sem pedir pros meus pais.
Eles nunca se negaram. Mas é da minha natureza ser independente. Ou pelo menos era...Não sei.
Aos 18 anos entrei em uma empresa, onde conheci meu marido.
Saí de lá quando a Gi nasceu, pois eu não queria deixá-la na creche. A Gi tinha refluxo gastroesofágico e isso me preocupava muito. Na minha opinião, ninguém cuidaria como eu.
Quando ela completou 9 meses, fui trabalhar. Consegui passar quase 3 anos na empresa, mas toda vez que a Gi adoecia eu enlouquecia. Troquei de babá 6 vezes. Sim, 6 vezes. Por motivos diversos, inclusive maus tratos.
A gota d´água foi quando a Gi teve um problema nos rins e a minha líder na época me chamou para um feedback bem grosseiro dizendo que eu teria que escolher entre a empresa ou ficar em casa cuidando da minha filha. O que acham que eu escolhi???
A empresa me demitiu.

Depois disso, tentei trabalhar em 2 empresas mas sempre me deparava com o mesmo problema. Eu tenho um problema sério, seríssimo em delegar. Eu não consigo pedir pra ninguém fazer nada por mim. E deixar minha filha para os outros cuidarem era o fim. Eu não conseguia me concentrar no trabalho.
Foi quando abri a loja. 
A experiência anterior com atendimento ao público na rotisserie me ensinou a lidar com pessoas, mas não a gerir. Então a loja quebrou. 
Depois disso trabalhei Home Office, fiz outras coisas, me especializei em micropigmentação e design de sobrancelha e quando estava pronta para entrar para trabalhar em um estúdio de micropigmentação, descobri que esperava o Antônio.
Enfim, estou em casa. Sem trabalho. E por que decidi escrever tudo isso?

Porque tenho visto muitas mulheres, como eu, que optaram por passar um período em casa cuidando de suas crias serem apedrejadas. Taxadas de preguiçosas, de estar se "escorando" nas costas do marido, de viverem no século passado, acusadas de não querer "crescer na vida", entre outros.
Minha mãe não trabalhava fora. Ela voltou a trabalhar eu já estava com 15 anos. Ou seja, eu já tinha meu emprego. Foi quando ela viu que eu não era mais um bebê. Minha irmã tinha 20 anos.
Ela passou 20 anos da vida dela cuidando da nossa família. Ouvi muitas e muitas vezes em festas familiares minha mãe ser acusada de diversas coisas.
Mas a minha mãe foi uma mãe com M maiúsculo.
Minha mãe acompanhou nossa infância e adolescência de perto. Estudávamos em um período e no outro ela nos levava para atividades extra curriculares como ginástica olímpica, natação, etc. Consultas médicas estavam sempre em dia, dentista, reuniões escolares. Minha mãe tinha um relacionamento pessoal com todos os meus professores. 
E enquanto as pessoas falavam que ela não ajudava meu pai, ela estava nos dando aquilo que havia de melhor.
Quando eu entrei na primeira série, eu já sabia ler e escrever. Quem me ensinou? Minha mãe. Com 5 anos ela comprou um caderno de caligrafia e começou a nos alfabetizar em casa. A professora Vera Lúcia, da primeira série, simplesmente não acreditou quando no primeiro dia eu li um texto na cartilha sem gaguejar. E eu nunca tinha ido pra pré-escola.
Meu pai NUNCA quis que minha mãe trabalhasse. Pelo contrário, quando ela cogitava diante de alguma dificuldade, ele sempre dizia que estava em paz na rua para trabalhar pois sabia que ela estava em casa cuidando das filhas. E que se ela tivesse que sair, não seria mais a mesma coisa.

É óbvio que nos dias de hoje, 90 % das mulheres não pode fazer isso. Tem mulher que sustenta a casa sozinha. Tem mulher que precisa trabalhar porque o salário do esposo não dá. Eu não estou aqui para levantar a bandeira que mulher tem que ficar em casa. Eu vou chegar onde quero...
Eu só queria entender porque as mulheres que podem e que escolhem fazer isso são apedrejadas pelas outras mulheres? Que estufam o peito e se dizem guerreiras e trabalhadoras por trabalharem e serem mães. O fato de não trabalhar fora, de levar minha filha na escola, de buscá-la na escola, de estar com ela o tempo todo, me torna menos mãe?
É como se guerreiras fossem só aquelas que trabalham fora, chegam tarde e ainda tem tarefas a fazer. Admiro muuuuito pois não é fácil. Não é fácil trabalhar o dia todo, pegar ônibus lotado, trem, metrô e depois chegar em casa, lavar roupa, estender, dar banho em criança, fazer jantar, ser esposa, etc etc etc.
Só que ficar em casa não é fácil também. É renúncia. É você dizer não pra sua carreira profissional por alguns anos pra cuidar de alguém. É ser taxada disso ou daquilo. É ouvir um "Quando você vai trabalhar pra ajudar seu marido?" ou "Também, você não trabalha, né?".
Ficar em casa é ajeitar toda a casa, fazer a comida, esperar a criança chegar da escola, dar banho, fazer lição, levar para as atividades extra curriculares, dentista, pediatra, fazer jantar, esperar o marido chegar cansado e muitas vezes estressado do trânsito e do trabalho. É ser psicóloga, amiga, professora. 
Ficar em casa é não ser mais a Roberta. É ser a mãe da Giovana e do Antônio. É se anular completamente para ter a certeza que seus filhos estão bem cuidados.

Se sinto falta de trabalhar? Muita. 
Se vou trabalhar quando o Antônio nascer? Meu marido já pediu para eu ficar um ano em casa. Eu sei que não aguento e vou arranjar minhas coisinhas pra fazer. Meus bordados, meus doces, bolos pra vender, enfim...
Se pretendo voltar a estudar? Óbvio !!
Só que hoje, na minha vida, a prioridade são os meus filhos. E eu queria saber onde está o erro nisso. Eu estou negando a minha vontade, o meu querer pelo bem deles. Eu acho que isso também é ser mãe, não? 
E pra quem diz que eu não ajudo meu marido..olha, ele não tem reclamado. Muito pelo contrário. Ele me agradece por estar renunciando pela nossa família. E ouvir essa gratidão é muito recompensador. É quase como receber uma promoção do chefe...rs

Ficar em casa estressa, chateia, cansa. Sim, cansa. Porque é todo dia a mesma rotina.
Mas o que me conforta e me dá forças pra isso é lembrar do quanto minha mãe renunciou. E do quanto ela foi essencial para minha irmã e eu sermos as pessoas que somos hoje. Ela estava sempre por perto. Isso me trazia segurança.
Saber que eu ia chegar da escola, com a mochila pesada e ia encontrá-la na cozinha com o almoço na mesa era muito bom ! 
Ou então quando chovia na saída da escola e todos iam correndo com os cadernos na cabeça pra casa, eu olhava e lá estava ela do outro lado da rua com meu guarda-chuva. 
Ela ficou disponível. Minha mãe não é formada em nada. Ela não fez faculdade. Ela terminou o ensino médio encorajada por mim. Eu ia com ela pro supletivo, ajudava nas lições, nas equações. Era uma forma de retribuir o que ela fez por nós. Ela foi muito acusada. Muito julgada. Mas ela foi a melhor mãe que ela podia ser.
E quer saber? É isso que eu almejo pro meu futuro. Ser a melhor mãe que eu puder pra Gi e pro Toni.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

Relato do meu primeiro parto

Eu acho que é a primeira vez que eu paro pra relatar como foi o parto da Giovana. Ao longo desses 7, quase 8 anos, eu fiz de tudo para esquecê-lo. E hoje, sentada escrevendo, as emoções retornam com força total. Mas, vamos lá...
(Atenção: meu relato de parto não é bonitinho e eu não quero assustar ninguém. Cada parto é um parto. E o MEU foi assim !! )

Eu engravidei da Giovana aos 19 anos. Namorava o Mursael há 10 meses. Tínhamos planos de nos casarmos, mas não tão em breve. Queríamos planejar noivado, casamento e lua-de-mel. Porém no dia 19 de Maio de 2006 tivemos a maior notícia das nossas vidas: seríamos pais.
Eu estava no corredor do Hospital Santa Marina, hoje fechado. Com o resultado em uma mão, a outra mão na boca e, de repente, eu só me lembro de ter sido amparada pelo Mursael e um enfermeiro. Eu desmaiei.
Só me vinha a imagem do meu pai na mente. Como contar aquilo pra ele? 

Fui pra casa me arrastando. Um trajeto de meia hora, fiz em duas horas pra que eu já os encontrasse dormindo. Subi pro meu quarto e, naquela noite, coloquei a mão na barriga e pensei: Tem alguém aqui !
Contar pros meus pais não foi tão ruim. Eles me apoiaram e aceitaram.

O Mursael começou a construir a nossa casa para que ela ficasse pronta antes do bebê nascer. 
A gestação não foi fácil. Tive descolamento de placenta logo no início. Tomei muitos remédios e precisei faltar no trabalho várias vezes.
O fato de ser muito jovem, não ter uma estrutura financeira, a imaturidade, tudo contribuiu para uma gestação atribulada. 
Fiquei internada muitas vezes pois do sexto mês em diante (diziam os médicos) a Giovana queria nascer. Então, fiquei internada muitas vezes para "segurá-la" por mais tempo.

Naquela época, qualquer dorzinha que eu sentia, corria pro médico. E eles, sem hesitar, me internavam. Hoje, mesmo não entendendo muito sobre, vejo que isso era um exagero, pois sinto as mesmas dores nessa gestação e estou numa boa.
Cada internação eu saía pior. Mais inchada, mais cansada e com mais medo.
Eu nem queria pensar em parto. Eu não me informei sobre absolutamente nada.
As histórias que eu ouvia eram terríveis. E esse era um assunto que eu definitivamente não queria saber. Eu não era protagonista da minha própria gestação.

No dia 29 de Dezembro de 2006, eu fui para a maternidade. Cheguei lá com algumas dores. A gestação ainda não havia chegado nas 37 semanas. Passei com o médico de plantão que disse que teríamos que fazer uma cesariana de emergência. Por que? Nem eu sei.
Ele me fez uma série de perguntas. Perguntou se eu sentia minha calcinha molhada. Eu disse que sim, mas que não sabia se era urina ou líquido e ele disse que não ia esperar pra descobrirmos e me internou.
Fiquei internada por mais de 18 horas. Fiquei no pré-parto junto com outras gestantes. 
Ninguém vinha me dar nenhuma informação. Apenas veio uma enfermeira e colocou um soro. Perguntei o que continha no soro e ela apenas disse: "É um sorinho, mãezinha !"
5 minutos depois do soro na veia, comecei a sentir uma coceira horrível no corpo inteiro. E, pra minha surpresa, a gestante na maca ao lado começou a se coçar inteira também.
Entramos em desespero e chamamos a enfermeira. Essa apenas "desligou" o soro e saiu da sala.
Estávamos ao Deus dará. Meu marido não podia ficar comigo. Eu não tinha com quem contar. O medo foi me invadindo.
Então, trocou o plantão. Nesse momento, um anjo do Senhor enviou um médico chamado Lincoln que sentou na minha cama e começou a conversar comigo. Perguntou porque eu estava ali. Contei todo o absurdo que tinha acontecido.
Ele então pediu uma ultrassonografia, fez um toque e voltou dizendo: "Vai pra casa, meu anjo. Esse neném não vai nascer hoje não !!"
Ele balançava a cabeça, como se também estivesse indignado, mas por ética não podia me dizer nada.
Tive alta. 
Minha cabeça esta a mil.
Aquela experiência tinha sido horrível. Eu me sentia em um calabouço. 
Desse dia em diante, eu não dormi mais. 
Passava as noites em claro, com medo, pensando em como seria horrível viver aquilo novamente.

Os dias passaram e no dia 07 de Janeiro de 2007 eu acordei com uma dorzinha estranha. Minha inexperiência e imaturidade me fizeram ir correndo de novo pro hospital.
Eu relutei o dia inteiro. Mas quando vi o tampão mucoso sair, me desesperei e quis ir. Era umas 18 hs. Eu morava em Itapecerica da Serra e a maternidade ficava no Jabaquara. Não tínhamos carro. São Paulo estava alagada devido a uma enchente.
Resultado: meia noite e eu estava sentada em um cruzamento, na calçada, pois não haviam ônibus, nem táxis devido ao estado caótico da cidade.
De repente, um táxi todo apagado passa e meu marido se joga na frente. O taxista pára e logo vem me ajudar a levantar da calçada. Cheguei na maternidade 00:30 hs. 
Me colocaram no cardiotoco. O médico de plantão estava fazendo uma cesariana.
Do terceiro andar, apenas ligou pro PS e disse pra enfermeira me subir que ia fazer meu parto.
Fui conhecer o médico que fez meu parto na SALA DE PARTO !!!
Fui andando até a maca, sentei e eles me anestesiaram. 
Meu marido ainda nem tinha entrado, estava se vestindo. 
O anestesista foi muito bonzinho comigo, ele viu meu pânico e me deu a mão até meu esposo chegar.
A cesariana foi rápida. Logo vi o rostinho lindo da minha filha. Mas eu não acreditava que aquilo estava acontecendo.
Aquilo era um parto??? Era mesmo como chegar pra pedir uma pizza?
Eu estava atônita. Parecia que eu não estava ali, parecia um filme.
O parto acabou, fecharam minha barriga e levaram meu bebê aos prantos.
Meu marido teve que ir embora e eles me levaram pra uma sala onde fiquei sozinha por longas 4 horas. 
Não havia ninguém na sala. Era madrugada e nem que eu quisesse chamar alguém, ninguém me ouviria. 
De repente, comecei a sentir a mesma coceira do dia do soro. Só que pior.
Nariz, olhos, garganta, ouvidos, tudo coçava. Eu mal conseguia respirar.
Gritei e vieram me acudir.
Eu não sei como estava meu rosto, mas a enfermeira voltou com o médico e esse apenas me olhou e disse que ia aplicar um antialérgico. Sei que aplicaram na minha perna porque ele me disse. Eu não senti. Ainda estava anestesiada.
A coceira piorou. 
A enfermeira veio e me aplicaram outro antialérgico. Apaguei.
Fui acordar no dia seguinte já no quarto. Não vi minha filha por um dia inteiro.
Eu estava dopada. 
Só me lembro que vinham me dar analgésicos e mais e mais remédio toda hora.
Eu não conseguia ficar acordada e me lembro que em uma das vezes que abri os olhos vi uma médica me olhando com uma expressão assustada. 
Eu abria e fechava os olhos. Tinha apenas relances do que estava acontecendo.
Quando ouvi a voz do meu marido, fiz um esforço muito grande e consegui abrir os olhos e perguntar da nossa filha. Foi então que eu vi que ela estava no bercinho. Eu não tinha nem amamentado meu bebê.
No dia da alta foi quando eu consegui me manter acordada e tomar um banho. E amamentar a Giovana. 
A pediatra veio e disse que a Gi estava com icterícia, mas num grau moderado e que poderia ir pra casa e tomar banhos de sol diários pela manhã.
Eu queria sair daquele hospital.
Eu me esforço pra lembrar das coisas que aconteceram depois do parto, mas eu não me lembro.
Meu marido diz que eu comi. Não lembro.
Minha mãe diz que me ajudou a tomar banho. Não lembro.
Quando a médica veio me dar a alta me levantei com muita dificuldade, meu esposo e minha mãe me ajudaram a vestir e eu queria sair correndo dali.
Quem disse? Mal conseguia andar. Aquilo doía demais. 
Minha mãe foi quem saiu da maternidade com a Gi no colo. E meu marido me amparando.
Quando cheguei no térreo, pensei que minha cabeça fosse abrir em duas. Uma dor que eu não conseguia raciocinar. Parecia que havia uma bigorna na minha cabeça. Voltei pro Pronto Socorro. Mediram minha pressão. Estava normal e me liberaram.
Fui no carro, semi deitada, com a cabeça apoiada em um travesseiro. Se eu mexesse a cabeça pra olhar pra Giovana, latejava até eu ficar com a vista escura.
Chegando em casa, minha mãe colocou a Gi no carrinho e eu fiquei na cama.
Olhei pro meu marido e comecei a chorar.
Eu não entendia porque estava sentindo aquilo, mas a sensação que eu tinha era de morte. 
E a culpa de estar sentindo aquilo era enorme. Eu via um bebê lindo no berço ao mesmo tempo que meu coração estava dilacerado. 
Todos me perguntavam o que eu estava sentindo. E eu não sabia explicar.
Hoje eu sei. Eu me senti violentada. Abandonada. Abusada. 
No momento mais importante da minha vida. Eu fiquei 3 dias praticamente dopada, sem poder amamentar. Eu nem sei como foi o primeiro banho da minha filha. Resgatar esse vínculo mãe e filha com ela, foi difícil. Fomos desligadas por 72 horas.

Eu demorei 7 anos pra engravidar de novo. Houve épocas na minha vida que eu não queria engravidar nunca mais. Porque, pra mim, parto era isso. 
Mas a Palavra diz que ao conhecermos a verdade, ela nos libertará. E quando aprendemos que a verdade é que: "Não, um parto não é isso !"
Tudo muda ! 
Quando descobri a gravidez do Antônio, comecei a lutar por um parto digno. E é o que tenho feito a maior parte dos meus dias. Me munindo de informações, me empoderando. Conhecendo meus direitos.
E eu fico muito, muito, muito triste pois meninas como eu era na época sofrem isso diariamente. 
Eu oro a Deus pra que essa cultura seja quebrada. Para que tenhamos partos realmente mais humanos, naturais.
Meu sonho? Parir na sala da minha casa.
Se será possível? Não sei.
Lutaremos por um parto digno, respeitoso e que apague o primeiro. E que fique somente o momento em que amamentei minha filha pela primeira vez. Pois é a melhor lembrança desse período.

Com amor e sinceridade,

Roberta.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Mimimi Time !!!

Iiiiiiiiiiiiiiiit´s tiiiiiiiiiiiiiime !!!

Porque hoje eu preciso fazer um mimimi pra me sentir mais leve.
Existem dias que acordamos mais sensíveis (chatas) e ontem e hoje estão sendo dias assim.
Ontem, meu marido me acordou cheio de amores, todo carinhoso e eu reagi feito um leão quando acordado. Rugi alto e virei pro lado cobrindo a cabeça.
Ele insistiu, perguntando o que era. E eu só conseguia resmungar e grunhir. 
Estava irritada. Com o quê? Não sei. 
"Quer o café da manhã?" ele perguntou
"Rrrrrrrrrrrr" eu respondi
"Tá brava comigo?"
"Hmmmmmmmmmmmmm !!!"

Depois de rugidos e grunhidos ele desistiu e veio tomar café com a nossa filha. Eu não queria levantar da cama. Me sentia péssima.
Dor pélvica, dor lombar, dor de estômago, enjoo. Eu queria voltar a dormir. 
Passei o dia todo mal, angustiada, sem posição pra sentar, dormir, andar. 
Eu não queria falar com ninguém. Eu não queria ver ninguém. Eu queria ficar calada. Eu definitivamente estava irritada.

O que nenhum site conta sobre a gravidez é que tem horas que ela irrita. 
Na maior parte do tempo é uma maravilha, mas tem dia que a gente se sente uma bola. Pesada, cansada e dolorida. Nada está bom. 
Muita gente tem medo de dizer isso com medo de ser recriminado. "Nossa, como pode você reclamar de uma bênção como estar grávida?"
Não estou reclamando de estar grávida. Eu AMO estar grávida. Eu só não gosto de sentir dor. Alguém gosta?
Nunca vi ninguém assim: "To com as minhas costas estourando mas to super feliz, adoro isso, quero mais !!!"

Tem dias que a gente chora, tem dias que a gente não quer ver ninguém, tem dias que a gente não quer nem pentear o cabelo. E isso não tem NADA a ver com NADA !
Está tudo bem. Marido, filha, casa, família, saúde. Graças a Deus está tudo bem. Mas naquele dia, só naquele dia você acorda irritada.
Hormônios? Deve ser...

Eu to com muita dor na pelve, na coluna, na parte interna da coxa, no estômago...e nada do que eu faça ta ajudando agora.
E estou com 5 meses de gestação !
Ou seja, ainda tem chão...rsrs

Deixa eu parar de mimimi e ir fazer caminhada, vai.
Amanhã estarei mais animadinha !!
Beijos. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

As frases que toda gestante DETESTA ouvir

Dizem que a palavra é prata e o silêncio é ouro, né, gente? Mas algumas pessoas simplesmente ainda não aprenderam essa regra quando se trata de dizer algumas coisas para uma gestante.
Pensando nisso, selecionei as frases mais desagradáveis (e engraçadas) que se pode dizer a uma grávida.

"Nossa, você tá grávida de novo? Corajosa você, hein?"

"Affff, aproveita pra dormir agora, minha filha, porque quando essa criança nascer acabou seu sossego."

"Vixi, menina, toma cuidado. A maioria dos maridos trai a mulher quando ela está grávida ou acabou de ganhar o neném, hein? Toma cuidado !" 
(Essa realmente é de gente que não tem noção nenhuma)

"Nooooossa, você vai ter parto normal? Pelo amor de Deus, vai acabar com o seu corpo."
(Ô, ignorância...)

"Nossa, você já engordou demais" ou "Que barriga minúscula, trata de engordar, menina".
(Entrem num acordo, please)

"Seu bebê se mexe demais? Nossa, amiga, se prepara vai ser muito danado."

"Que nome é esse que você escolheu pro seu bebê? Afff, que nome de velho".

"Mas depois desse você vai fechar a fábrica, né? Não vai me dizer que vai querer ter outro filho. Por favor, né?"
(É você que vai criar?)

"Escuta, você não tá pensando em parar de trabalhar pra ficar cuidando de criança pequena, não, né? Com 4 meses já taca na creche e vai viver sua vida."
(Eu tenho ÓDIO dessa).

"Segundo filho? Já sabe que não vai emagrecer nunca mais, né?"
(VEREMOS !!!)

"Olha, vê se não acostuma filho em colo, hein? Chegou da maternidade já coloca no berço pra não ficar mal acostumado".

"Essa barriga tá muito alta, não vai nascer de parto normal nem a pau".
(Falooooooou...)

"Olha, se prepara porque a dor do parto é a dor da morte".
(Existem mulheres vivas depois do parto, gente?)

"Olha, você vai sofrer com essa diferença de idade dos seus filhos, viu?"
(Ta amarrada toda palavra negativa. Sai pra lá, capeta....kkkkk)

"Ai, você tá grávida? Deus me livre. Não quero beber dessa água que você bebeu, hein? To fora de gravidez"
(Ahaaaaaaam, sei)

"Fica comendo coisa ácida, fica. Seu neném vai nascer todo manchado".
(HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHHA !!!!)

"Fica tomando água gelada, fica. Essa criança vai pegar um resfriado na barriga, você vai ver quando ele começar a soluçar".
(É sério, gente. Já ouvi essa frase !!)


Eu ficaria aqui o dia todo mas acho que já deu pra ter uma ideia dos absurdos que uma gestante ouve, né?
Chega a ser engraçado.
Acho que vou escrever um livro com os mitos da gravidez....kkkkk

Bom final de semana, gente !






quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Video: Diário de Gravidez

Aeeee ! Depois de um ano finalmente criei vergonha pra gravar vídeo pro canal Saudável Beleza.
Dessa vez, pra registrar toda a minha gestação !
Que felicidade !

Ignorem o nariz de batata e o rosto inchado e dê um play, clicando aqui !

Beijos !! 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Por que algumas mulheres gostam de contar histórias ruins sobre parto?

Na minha primeira gestação eu me recordo que trabalhei com uma pessoa que me assustou durante os 9 meses de gestação.
Todos os dias, quando eu falava algo de bom sobre a minha gravidez, ela vinha com uma história trágica dela ou de alguma conhecida.
Me recordo que um dia cheguei em casa chorando, passando mal, tremendo devido a uma história que ela me contou. Também, pudera...
Eu tinha 19 anos, não fazia ideia de como era um parto (nem normal, nem cesárea), estava cheia de dúvidas, medos e ficava o dia inteiro ao lado de uma pessoa que não tinha NADA de bom pra me contar.
Essa pessoa, em específico, é uma pessoa maldosa. E falo isso sem medo. Não sou de meias palavras. Ela tinha um prazer em me deixar assustada e tentar estragar meu momento.

Mas hoje eu voltei a pensar nesse assunto. Fui ao mercadinho perto de casa e conheço as funcionárias. Elas perguntaram o sexo do bebê e engatamos um papo. Claro, o assunto foi direcionado pro momento do parto que é o ápice da gestação.
Em outros tempos, teria ficado chocada com o que uma das meninas me contou. O parto dela foi traumático. Foi feita uma episio sem anestesia, sem o consentimento dela, ela levou vários pontos e disse que sofreu demais.
Eu ouvi muito atentamente e fiquei comovida com a história dela. 
E vim pra casa pensando...
É muito comum hoje em dia uma mulher chegar perto de mim, perguntar sobre a gestação e começar a contar uma história parecida.

E por que isso acontece? Salvo os casos em que as pessoas são mesmo maldosas, como minha ex-colega de trabalho, eu acredito que existe uma revolta de todas as mulheres que sofrem violência obstétrica.
A falta de informação faz com que muitas achem que é normal passar por tamanha humilhação e procedimentos desnecessários. E o que teria de ser um momento lindo, torna-se um trauma.
O sentimento de impotência, humilhação e total desrespeito faz com que essas mulheres desabafem com as grávidas que estão próximas. 
Mesmo que não saibam, mesmo que no momento em que estão desabafando não tenham tal intenção, é como se estivessem dizendo: "Por favor, não deixem que façam isso com você !".
Não fiquei assustada com o relato da minha conhecida. Fiquei triste.
E mais triste ainda quando ela me contou que sua amiga ficou 30 horas em trabalho de parto e, por fim, fizeram uma (desne) cesárea sendo que suas contrações já estavam super ritmadas, ela estava com 6 cm de dilatação e super favorável para o PN. Porém, os médicos tiveram pressa em retirar o bebê.

Eu agradeço a todas as pessoas pelos seus relatos tristes. Eles me fazem a cada dia mais levantar a bandeira do parto natural humanizado.
Tem uma amiga minha que está me chamando de louca, ainda mais quando disse que estou pensando em ter um parto domiciliar.
90 % dos partos são cesáreas e as doulas é que estão erradas? Nós é que somos loucas? Tem certeza?
Normal é tomar ocitocina sintética, fazer episio e tomar uns 23 pontos sem anestesia, SER OBRIGADA a parir em posição ginecológica (que é comprovadamente a posição menos apropriada a se parir devido ao alto índice de infecções em decorrência da mesma),ser submetida a tortura psicológica por parte de médicos e enfermeiros nada preparados. Gente, é isso que é normal? 
Então, sou anormal. Obrigada.

A cesariana é uma bênção quando necessária. Quando é para SALVAR a vida do bebê e da mãe. Mas fazer uma cesariana do nada? Marcar um dia pro bebê vir ao mundo porque o médico vai sair de férias, viajar, ou sei lá o quê?
Enfim...cada um tem o direito de pensar como quer mas eu acho que esses relatos tristes que ouço querem dizer alguma coisa.
Ninguém reclama do que está bom. E 90% das mulheres que ouço estão insatisfeitas com o tratamento que receberam nas maternidades de SP. E estou falando de públicas e particulares, hein?

O que eu mais ouço de doulas e enfermeiras obstétricas é "Eu sinto muito pela sua cesariana". Sim, eu também sinto muito. Sinto pela Gi. Por mim, eu sinto um pouco, afinal sofri. Mas sinto mais por ela. Que foi retirada prematuramente sem necessidade. Que não teve o contato com a minha pele assim que nasceu. Que foi separada de mim após o parto. Que foi mamar somente 8 hs depois de sair da barriga. Que teve seu cordão umbilical cortado antes que ele parasse de pulsar lhe causando desconforto respiratório. 
E sinto muito por milhares de bebês que estão passando por isso nesse momento enquanto seus familiares estão em alguma sala estourando champanhe comemorando sua chegada. 
E eu peço a Deus que essa cultura um dia acabe no nosso país e em tantos outros. Porque chegará um dia em que parir por via vaginal será enxergado como uma aberração. 



segunda-feira, 1 de setembro de 2014

"Até as baratas evoluem. Menos a medicina no Brasil."

É com essa frase que quero começar meu post de hoje. 
"Até as baratas evoluem. Menos a medicina no Brasil".

Desde que decidi ter um parto digno e natural, respeitando o momento que meu filho quiser vir ao mundo, comecei uma verdadeira peregrinação.
Mais do que ter coragem de parir sem anestesia, sem intervenções médicas, é preciso suar muito a camisa para conquistar esse direito aqui no nosso país.
Aqui existe uma fábrica de bebês. Produção de bebês. Onde não se respeita a vontade da gestante e muito menos do bebê.
A gestante, que deveria ser a protagonista desse momento, passa a ser mera coadjuvante de um momento tão seu. Ficando à mercê dos médicos e enfermeiros.
Marca-se um horário pro bebê vir ao mundo. 
Tipo: Sexta-feira às 16 hs.
Alguém perguntou pro bebê se ele quer nascer esse dia? Não.
E tome-lhe ocitocina sintética, e toma-lhe cesariana desnecessária alegando as mesmas MENTIRAS de sempre: o neném está sentado, o neném está enrolado, você não tem dilatação, o neném é grande, sua bacia é estreita.

MULHER FOI FEITA PRA PARIR !!!
Ah sim, você optou por um parto normal. Ufa, conseguiu !! Mas daí o médico saca da tesoura pra fazer um rasgo desnecessário em você alegando que você não vai aguentar ter o bebê sem ele.
Eu estou indignada. E mais indignada ainda em saber que pra ter um parto livre de todas essas violências obstétricas tem que ter muita bala na agulha, meu bem.

Ou você tem dinheiro pra bancar um parto domiciliar onde vai contratar doula, obstetriz e médico e vai desembolsar aí uns 20 mil reais.
Ou tem que ter um mega plano de saúde, o que não vai te livrar de pagar algum por fora.
Ou recorrer às casas de parto. Ah, esqueci...se você tiver uma cesariana anterior, como é o meu caso, essa não é opção.
Ou seja: Como é que faz, Brasil??

Vou ter que deixar meu filho nascer do jeito que os médicos querem?
Até quando fazer um rasgo na barriga da mulher e colocar um ferro na cabeça da criança pra trazê-la ao mundo vai ser normal?
Vou ter que tomar ocitocina sintética e ouvir desaforo caso eu faça um plano de parto e não queira?
Nessa hora, eu me vejo como uma leoa rugindo em volta da cria e sinto-me revoltada. Ninguém vai tirar meu filho antes da hora. Ele vai escolher como quer nascer.
Quer dizer que se eu quiser parir de cócoras, de quatro, na água, no banquinho eu não posso? Porque não é procedimento do hospital? Existe agora um procedimento pra nascer??

Sinto-me triste pela Giovana. Pelos traumas que a minha filha sofreu no parto e eu nem sabia. Era uma adolescente. Hoje eu abraço a minha filha e peço perdão mentalmente pelo que deixei acontecer com ela.
Cheguei na maternidade e o médico do nada disse que tinha que fazer uma cesariana porque ela estava sentada e com o cordão enrolado no pescoço.
Não fizeram ultrassom pra saber. Ou seja, foi mentira. Ou então esse médico é dotado de algum dom sobrenatural e adivinhou só de olhar pra minha barriga.
A Gi foi tirada antes do tempo com 2,800 kg. Nasceu de madrugada em uma sala fria e com uma luz branca no rostinho dela. Foi sugada com aparelhos pois não passou pelo canal de parto onde seria naturalmente massageada nos pulmões e choraria.
Isso é um parto normal? 
Maternidades que parecem hotéis cinco estrelas. Que a nutricionista vem oferecer o cardápio para a mãe e o esposo. Você pode comer yakissoba, strogonoff ou sushi. As portas são repletas de rosas, TV de plasma, serviço de quarto, frigobar, sala de estar, luxo, luxo e mais luxo.
Um bebê que estava dentro do útero precisa disso?
A transição do útero para o mundo exterior é muito traumática. E o parto natural tem sido visto como algo retrógrado.
"Você é índia pra parir sem remédios?"
Até isso já tive que ouvir. Ser índia é cuidar com amor do nascimento dos filhos? Sou índia, então.
O sistema público de saúde então. Nem se fala.
As enfermeiras te largam lá. E tem que ficar deitada, hein? "Na hora de fazer não gritou assim."
É muita, muita, muita violência.
O que eu queria? Ter meu filho na sala de casa. Juro. Mas devido à droga da cesariana que tive não posso fazer isso.
Mas eu vou lutar. Eu vou atrás desse empoderamento. Vou fazer meu plano de parto.
O meu filho vai nascer do jeito que ele quiser.